O que leva três músicos negros, com levadas e pegadas explosivas, a reunir uma releitura swingada da genialidade de Chico Buarque? Tudo começou há três anos, quando o compositor, em depoimento prá lá de emocionado, falou sobre o preconceito que sua família (filha e netos) sofria devido ao racismo de alguns vizinhos, num condomínio de classe média alta, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Postado nas redes sociais [http://youtu.be/sD2sjAw9mlM], o desabafo de Chico fez nascer no cantor Rollo uma espécie de ‘solidariedade revoltada’.
“Se até a família do Chico Buarque sofre racismo, imagina quem não é seu parente?”, perguntou o artista que sabe, já há muito tempo, que a discriminação racial no Brasil não pode ser explicada somente pela via do preconceito social. Para ele, algo que ganhasse as ruas e as noites, e que fizesse as pessoas pensarem no nosso racismo cotidiano, deveria ser feito. Foi assim que surgiu o show "Cinco Buarques", que é um passei lúdico e visceral pela obra deste brasileiro que, apesar de ter um pai paulista e um avô pernambucano, ainda não tinha se deparado com o estigma de ser ‘negro’.